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Peso

Seguro nas mãos uma mensagem não escrita,
presa entre o desejo de te mostrar o meu coração
e o pavor de descobrir
que o teu nunca bateu por mim.

E no entanto,
se soubesse ao certo,
se a tua recusa fosse clara,
não haveria esta ânsia,
não haveria este fogo que arde só na incerteza.

O teu silêncio não é vazio,
é um peso que me esmaga o peito,
um eco surdo que grita dentro de mim.

E quando respondes,
é como se o mundo inteiro respirasse comigo,
como se a noite se iluminasse,
como se o meu coração aprendesse de novo a bater.

Mas logo depois a dúvida regressa,
a ânsia corrói-me como maré teimosa,
arrasta-me para pensamentos sombrios,
não me deixa concentrar,
não me deixa descansar.

Será que foi algo que disse?
Será que foi algo que não disse?
Será que sou eu?
Será que és tu?

Mil e uma questões rasgam-me a mente,
cada uma mais afiada que a anterior.
E eu fico perdido,
sem saber se devo lutar,
ou se devo render-me e deixar-te ir.

Mas como deixar ir
quem me faz sentir tão vivo?
Como calar este desejo
que floresce até no silêncio?

Caminho nesta corda bamba,
entre a esperança e o abismo,
entre a vertigem da incerteza
e a estranha doçura de ainda não saber.

E talvez seja esse o meu destino:
amar-te na dúvida,
arder nesta espera,
e aceitar que o que me mata
é também o que me mantém vivo.

Composition: Kamefrede

#2025 #Poetry